As Façanhas e Histórias de Anita Garibaldi

Nasceu em Laguna SC, em uma modesta família descendente de  portugueses, do Açores. Desde muito cedo, era dada a atividades incomuns para as mulheres da época, como montar cavalo, participar de laçadas, acompanhar o pai em viagens longas junto a tropeiros e se envolver com política. Quando o pai morreu,  tinha 12 anos e viu se obrigada a assumir as tarefas do pai.

Aos quatorze anos, Anita sofre um assédio sexual, enfrenta o agressor e o denúncia para as autoridades locais. Como se era esperado naqueles tempos machistas e violentos, a garota é desacreditada e fica furiosa. Diante do escândalo da situação, o padre da cidade propõe que Anita se casasse com um homem muito mais velho. Diante da situação de pobreza e desamparo, a proposta foi aceita pela mãe da jovem.

No terceiro ano da Revolução Farroupilha, o marido de Anita alistou-se no Exército Imperial e ela voltou para a casa de sua mãe. Enquanto o marido defendia a Ordem imperial,  Anita teve a alma marcada profundamente peloo movimento revolucionário, de caráter republicano e antiescravagista, ela via os rebeldes com admiração, sonhando em um dia poder realizar suas próprias obras.

Em 1839, os revolucionários conquistaram momentaneamente a cidade de Laguna. Foi nessa ocasião que viu pela primeira vez Giuseppe Garibaldi. Em suas memórias narradas ao grande escritor francês, seu amigo, Alexandre Dumas, o herói italiano descreve seu primeiro contato com Anita como impactante, como uma paixão avassaladora pela qual estava disposto a lutar de qualquer forma.

Já unida a Giuseppe Garibaldi, Anita participou ativamente de batalhas da revolução, tendo sido  treinada por Giuseppe nas técnicas militares e lhe ensinado técnicas de cavalgada . Em 1840, grávida, é feita refém dos imperiais. Consegue fugir, montar em um cavalo em pelo, cruzar a mata e depois atravessar o Rio Canoas a nado e reencontrar seu companheiro, depois de ambos terem dúvidas sobre a sobrevivência do outro.

Meses depois, em Mostardas – RS, com apenas 12 dias de nascimento de seu primeiro filho, é atacada por tropas imperiais no rancho onde se recuperava das dores do parto. Consegue fugir a cavalo, debaixo de chuva com seu recém-nascido, salvando-lhe a vida. Alcançou um bosque aos arredores da cidade, onde ficou escondida por quatro dias, até que Garibaldi a encontrasse.

Decidem deixar o Brasil e partem para o Uruguay, onde nos primeiros tempos, Anita cuida da casa, enquanto Giusepe busca o sustento da família, por meio de atividades civis. Lá se casam formalmente, tem mais quatro filhos e se envolvem na guerra civil, em defesa da República Uruguaia, contra as tropas apoiadas pelo ditador argentino, Juan Manoel Rosas.

No final da década de 1840, a família parte para a Itália, onde o casal tem mais uma filha e se envolve nas lutas pela unificação italiana, tendo importante participação na instauração da República Romana e na sua posterior e malfadada defesa ante as tropas francesas.

Com a queda da república, fogem em direção a Veneza. No caminho, Anita se mostra doente e acaba por falecer nos braços do marido.

Seus restos mortais encontram-se em Roma, depositados junto a um monumento em sua memória. Seu nome está inscrito no Livro de Aço do Panteão de Heróis do Brasil, em sua homenagem, foram batizadas cidades no Brasil e na Itália, onde permanece admirada, e também no Uruguai, como um símbolo de bravura e lealdade e como uma inspiração perene para as lutas das mulheres.